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EDITORIAL – A CONFERÊNCIA NA AULA MAGNA, A MANIFESTAÇÃO DE S.BENTO E A VIOLÊNCIA

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Nos últimos dias os defensores do governo Passos/Portas procuraram organizar um contra-ataque sobre os seus oponentes, procurando fazer passar a mensagem de que teriam sido feitos apelos á violência na Aula Magna e que o comportamento dos polícias que subiram as escadas do parlamento constituiria um enorme desrespeito pela ordem legal e política existente. Obviamente que o que se pretende é desviar as atenções do que se tem passado no país nos últimos anos, meter medo aos mais tímidos e dar a mensagem lá para fora de que estão cumprindo as ordens recebidas, enfrentando todos os que se opõem à Troika & Cia.

As pessoas mais sensatas percebem que alertar para o risco de a situação social descambar em violência não é incitar à violência, e que alertar para o risco latente não é excesso nenhum. Pelo contrário. Por vezes, há quem empregue uma linguagem mais colorida, que talvez se pudesse considerar excessiva noutras circunstâncias, mas que pelo menos tem a virtude de se fazer ouvir, e não ser ignorada. A barragem de propaganda procura passar por cima disto e lançar a confusão e o receio. À esquerda, aos sindicatos,  a todos os que se discordam e se opõem são imputadas intenções malévolas, que põem em risco benefícios que não se descortinam em parte nenhuma, e procura-se  atribuir-lhes as culpas pelas dificuldades que se estão vivendo, mesmo quando resultam claramente da loucura austeritária.

Há uma unanimidade quase completa no reconhecimento de que as políticas seguidas são más, mesmo por alguns dos seus principais proponentes, contudo não se descortina no horizonte uma hipótese de mudança, mesmo ténue. O que provoca um clima de tensão, que pode levar à violência, é o sentimento de impotência perante estas políticas imutáveis. As pessoas perdem a noção das vantagens da democracia e da participação quando são massacradas tão inexoravelmente por governos saídos de eleições e que, sempre que se procura demonstrar-lhes o mal que que estão a fazer, acabam, à falta de outros argumentos,  a invocar o facto de terem chegado  ao poder por terem sido eleitos, apesar de quererem governar como senhores absolutos, que não cumprem nem os programas apresentados ao escrutínio popular. A tensão perante este imobilismo é que é altamente desestabilizadora, e justifica inteiramente que se peça a substituição de governos, presidentes e de todos os eleitos que se mostram incapazes de cumprir. A sua manutenção é que pode abrir o caminho à violência e á ditadura.

Estamos perante um momento crucial. A privatização dos CTT merece uma condenação generalizada, mas segue em frente. Há fortes probabilidades de termos aí o segundo resgate, em condições ainda mais graves que as actuais. É óbvio que se ele vier, Passos/Portas, com o aval de Cavaco, terão o caminho facilitado para continuarem até 2015. Nem nos próprios partidos a que pertencem, há quem queira assumir essa gravíssima opção, e substitui-los. A emigração vai continuar a bater recordes, e os restantes portugueses a empobrecerem. São estas tristes expectativas que podem gerar a violência e não os discursos de algumas pessoas, ou manifestações, de polícias ou de outras pessoas, mesmo que subam ou desçam os degraus do parlamento. Não se pode perder isto de vista.


Filed under: Informação/Comunicação Social Tagged: aula magna, diário de bordo, editorial, forças de segurança, manifestação

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